Relatório “Habitação na União Europeia: evolução do Mercado, Motores Subjacentes e Políticas”
A Comissão Europeia publicou o relatório ‘Habitação na União Europeia: Evolução do Mercado, Motores Subjacentes e Políticas’, e Portugal surge entre os países com maior sobrevalorização no mercado imobiliário.
Principais conclusões
O relatório, divulgado a 14 de outubro de 2025, indica que os preços das casas em Portugal estão cerca de 35% acima do valor considerado justo — um dos níveis mais elevados de toda a União Europeia. Entre 2020 e 2024, o preço médio das habitações subiu mais de 40%, enquanto os salários cresceram apenas metade desse valor. A Comissão alerta que o aumento acentuado do custo da habitação está a tornar o acesso à casa própria cada vez mais difícil, sobretudo para jovens e famílias de rendimentos médios.
Causas do aumento dos preços
Mas o que está a provocar esta escalada dos preços? O relatório aponta várias causas:
– A escassez de oferta de novas habitações, em particular nas zonas urbanas;
– A concentração do investimento imobiliário por fundos estrangeiros, que valorizam os preços;
– O crescimento do turismo e do alojamento local, que retira casas do mercado de arrendamento permanente;
– E o aumento dos custos de construção e das taxas de juro, que encarece os novos projetos e os créditos à habitação.
A Comissão Europeia conclui que, sem medidas públicas fortes, esta pressão continuará a afastar as famílias da habitação acessível.
Comparação europeia
Na Europa, quase todos os países registam subidas, mas com intensidades diferentes. A Bulgária e Polónia continuam a ter as casas mais baratas da União Europeia, com valores cerca de 60% abaixo da média europeia. Por outro lado, em países como Países Baixos, França e Portugal, o preço das casas ultrapassa claramente a capacidade de compra das famílias.
Impacto e recomendações
O relatório sublinha que o mercado imobiliário afeta diretamente a coesão social e territorial. Recomenda aos governos mais investimento em habitação pública e cooperativa, incentivos à reabilitação urbana e apoio a projetos regionais de arrendamento acessível. No interior o desafio é outro: não é tanto o preço, mas a falta de habitação disponível e em bom estado, problema que pode ser resolvido com fundos europeus do Portugal 2030 e do PRR, através da reabilitação de edifícios antigos e de soluções de eficiência energética.
O relatório europeu ‘Habitação na União Europeia: Evolução do Mercado, Motores Subjacentes e Políticas’ lembra que a habitação é mais do que um investimento — é um direito essencial. Portugal enfrenta um mercado desequilibrado, mas há soluções possíveis, e muitas passam pelas autarquias e pelas políticas regionais.
O relatório pode ser consultado no site oficial da Comissão Europeia